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Abandonados, prédios garantem teto para mais de 1,1 mil famílias

Abandonados, prédios garantem teto para mais de 1,1 mil famílias

07 maio – 2018 | 12:12

Sem moradia própria nem contrato de aluguel. A falta de documento que comprove o compromisso com custos residenciais pode levar milhares de famílias à marginalidade. Mesmo diante da desassistência por parte do poder público e os riscos de estruturas precárias de moradia, homens, mulheres e crianças veem nas ocupações uma alternativa para manter alguma dignidade ganhando pouco.

Em Campo Grande, a maior parte dessas famílias ocupa uma fila de mais de 40 mil pessoas que aguardam por moradia social.

Movida pela tragédia ocorrida na semana passada, no centro de São Paulo (SP), onde o prédio público Wilton Paes de Almeida, ocupado por mais de 140 famílias, desabou após incêndio, a reportagem do Correio do Estado visitou duas ocupações da Capital.

Mesmo em áreas opostas da cidade, as histórias dos moradores do bairros Mata do Jacinto e Paulo Coelho Machado parecem se cruzar. Aluguel alto somado a salário baixo é a fórmula básica para entender a constituição destes locais.

Ao cálculo feito há 15 anos pela aposentada Marlene de Souza, de 60 anos, foram inclusos três filhos e um neto. O dinheiro que tirava como doméstica não era suficiente para alimentar as crianças e garantir um teto.“O pessoal começou a invadir e eu vim também. Essa obra estava abandonada. Se a gente está aqui é porque precisa”.

Conhecida como Carandiru, a ocupação consiste em seis prédios inacabados de quatro andares cada um, onde vivem 42 famílias. O empreedimento pertencia à Construtora Degrau e foi abandonado há 20 anos, depois que a empresa decretou falência.

Neta de Marlene, a dona de casa Marcela Amando de Souza, 22 anos, foi para a ocupação ainda pequena e hoje vive no local com o marido e dois filhos. Ela acredita que gastaria, pelo menos, metade do orçamento familiar – que é um salário mínimo – no aluguel de um local bem menor do que o apartamento de três quartos, sala, cozinha e banheiro.

Apesar das melhorias feitas nos prédios pelos próprios moradores, como a colocação de portas, janelas e vaso sanitário, as famílias reclamam da desassistência do poder público. O fornecimento de água e luz foi regularizado apenas há dois anos e uma horta comunitária foi cultivada para reforçar a alimentação das famílias.

“A prefeitura tira o mato da calçada do outro lado, mas não tira da nossa. Só porque a gente é invasor não quer dizer que a gente é ladrão”, indigna-se Marcela.

HOMEX

Abandono de outro empreedimento privado também levou 1.154 famílias a ocupar os lotes e prédios inacabadados onde deveria existir o condomínio Varandas do Campo, no Jardim Paulo Coelho Machado.

Apenas parte dos apartamentos prometidos pela empreiteira mexicana Homex foi entregue aos compradores, e o plano de investimentos de mais R$ 200 milhões ficou apenas no papel.

Apesar do abandono do projeto, a prefeitura cumpriu sua parte no acordo e instalou toda a estrutura necessária para constituição do novo bairro. Asfalto, luz, transporte coletivo, escola e creche levaram famílias a ocupar os lotes há mais de um ano.

O cabeleireiro João Vitor Centurião, 48 anos, aproveitou as paredes e lajes já levantadas para montar o salão de beleza e a casa que vive  com esposa, filha e duas netas.  “Pagava R$ 700 de aluguel. Só que não dava mais, não”.

Apesar da maioria das crianças que fazem parte da ocupação estarem matriculadas na escola e Ceinf da região, os morados reclamam da falta de assistência na área da saúde.

“Temos bebê recém-nascido, idoso e pessoas acamadas aqui, mas se recusam a atender a gente da ocupação no posto do bairro”, afirma o autônomo,  Wilson Vasques, 44 anos. Segundo ele, a iluminação utilizada é irregular e o local ainda carece de saneamento básico. “Hoje, usamos água de poço”.

Os 30 lotes do local foram colocados para leilão como forma de amenizar dívidas trabalhistas deixadas pela empresa. Entretanto, no mês passado, a prefeitura manifestou à Justiça interesse em comprar o espaço, com preço estimado em mais de R$ 30 milhões. O juiz da 2ª Vara Cível, Paulo Afonso de Oliveira, aguarda resposta do município para dar continuidade ao processo.

Fonte: Correio do Estado

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