Polícia Federal apontou risco à ordem pública em ato religioso marcado pelo senador e usou convocação para embasar pedido de prisão preventiva ao ministro Alexandre de Moraes, do STF.
A vigília convocada pelo senador Flávio Bolsonaro (PL-SP) em frente ao Condomínio Solar de Brasília, no Jardim Botânico, motivou a Polícia Federal a pedir ao Supremo Tribunal Federal (STF) a prisão preventiva do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Segundo a corporação, o ato poderia colocar em risco a segurança de agentes, apoiadores e do próprio ex-presidente.
No pedido encaminhado ao ministro Alexandre de Moraes, a PF alegou risco à ordem pública caso a vigília se concretizasse. A avaliação era de que a aglomeração de apoiadores nas proximidades da residência de Bolsonaro poderia gerar cenário de tensão e descontrole, com potencial para confrontos e desdobramentos imprevisíveis.
Um trecho da decisão cita a Informação de Polícia Judiciária 099/2025, que registra a convocação da vigília “em prol de Jair Messias Bolsonaro” para o dia 22 de novembro de 2025, nas imediações da casa do ex-presidente, em Brasília. O documento menciona postagem de Flávio Bolsonaro que, segundo o texto, “incita adeptos” do pai a se deslocarem até o local.
Ainda conforme a decisão, o senador utilizaria o “mesmo modus operandi” atribuído à organização criminosa que, de acordo com o STF, tentou um golpe de Estado em 2022. O texto fala em “milícia digital” para disseminar, por múltiplos canais, mensagens de ataque e ódio contra as instituições.
Moraes afirma que os elementos apresentados demonstram possibilidade concreta de que a vigília ganhe grande dimensão, com “concentração de centenas de adeptos do ex-presidente nas imediações de sua residência, estendendo-se por muitos dias”, em dinâmica semelhante às manifestações realizadas em frente a quartéis e instalações militares no final de 2022.
Jair Bolsonaro foi preso na manhã deste sábado (22/11) e levado para a Superintendência Regional da Polícia Federal no Distrito Federal, em cumprimento ao mandado de prisão preventiva expedido por Moraes. O ministro determinou que a ordem fosse cumprida no início da manhã, “com todo o respeito à dignidade do ex-presidente da República Jair Messias Bolsonaro, sem a utilização de algemas e sem qualquer exposição midiática”.
Na véspera, sexta-feira (21/11), Flávio Bolsonaro havia divulgado vídeo nas redes sociais convocando apoiadores para uma vigília religiosa em apoio ao pai. No convite, o senador cita trechos bíblicos, fala em “lutar” e convida as pessoas para um encontro de oração “pela saúde de Bolsonaro e pela liberdade no Brasil”, afirmando que “nesse primeiro momento a gente vai buscar o Senhor dos exércitos” e conclamando os apoiadores a “reagir e resgatar o Brasil desse cativeiro”.
