Em meio as ações de combate aos incêndios florestais no Pantanal, em três áreas diferentes – Rio Negro, próximo a Corumbá e no Paiaguás –, o Corpo de Bombeiros de Mato Grosso do Sul também atua na busca ativa por animais silvestres.
Além do combate direto ao fogo, as equipes fazem o trabalho de retirada dos animais, que possam estar feridos, das áreas em chamas.
“Felizmente até agora, são poucos animais, de fato, encontrados. Mas estamos trabalhando na busca ativa nas áreas onde atuamos”, explicou a tenente-coronel Tatiane Inoue, chefe do CPA (Centro de Proteção Ambiental), responsável pelas ações de combate a incêndios florestais no Estado.
Nas áreas em chamas, caso seja encontrado algum animal, o médico veterinário mais próximo do GRETAP (Grupo de Resgate Técnico Animal do Pantanal) é acionado para o atendimento e possível reinserção no habitat.
A ação tem o apoio do CRAS (Centro de Reabilitação de Animais Silvestres), que fica em Campo Grande, e está preparado para receber e atender animais silvestres das mais diversas espécies que vivem no Pantanal, e também no Cerrado e Mata Atlântica.
“Temos toda a estrutura pronta para receber os animais, assim como ocorreu quando nos incêndios florestais dos anos anteriores. Entre os casos mais emblemáticos estão de uma anta que teve 40% do corpo queimado e foi transportada de avião. Ela passou por um atendimento de ponta, com ozônio e depois de recuperada, foi solta. E também atendemos uma onça com as patinhas queimadas, que também se recuperou. E agora ainda temos o reforço do hospital veterinário”, explicou Lucas Cazati, que é médico veterinário e responsável técnico do CRAS.
Com estrutura completa de centro cirúrgico, exames de imagens, laboratórios, além de áreas específicas para recuperação e de quarentena para aves, mamíferos e répteis, o Hospital Veterinário de Animais Silvestres do CRAS, foi inaugurado no dia 14 de setembro. O local é o maior da América Latina no atendimento exclusivo para animais silvestres.
Focos
O Corpo de Bombeiros atua em três principais focos de incêndios no Pantanal, com 55 combatentes em atuação.
Na região do Rio Negro há um foco ativo desde domingo (24). Duas guarnições de especialistas em combate estão no local. A região é de difícil acesso para o deslocamento das equipes e ontem (26) houve o reforço no combate com o acionamento do Grupamento de Operações Aéreas para emprego da aeronave ‘air tractor’. Até agora o fogo já queimou mais de 570 hectares no local.
O segundo foco de incêndio está há aproximadamente 30 quilômetros do município de Corumbá e conta com a atuação de 20 bombeiros. Outro foco está na região do Pantanal do Paiaguás, onde o CPA faz o monitoramento via satélite 24h.
Em pouco mais de dois meses em alerta – período que teve início no dia 17 de julho –, o Corpo de Bombeiros Militar já atuou em sete grandes incêndios florestais no Estado, seis deles em diferentes regiões do Pantanal e um em Bonito – que foi extinto na sexta-feira (22), após cinco dias de combate.
As condições atmosféricas são adversas e severas – baixa umidade relativa do ar, altas temperaturas e ventos fortes –, além dos incêndios estrem concentrados em áreas de difícil acesso, por isso desde ontem a atuação dos bombeiros ganhou reforço com o apoio da aeronave ‘air tractor’ que tem capacidade de transportar até três mil litros de água.
Desde o dia 17 de julho, o Corpo de Bombeiros Militar de MS está em alerta para atuar em caso de incêndios florestais no Pantanal, e também no Cerrado e Mata Atlântica, biomas presentes no Estado.
Na prática, com o alerta publicado pelo Imasul (Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul), foram suspensas as autorizações ambientais de “queima controlada”, até 31 de dezembro deste ano.
O monitoramento constante contribui para a preservação do Pantanal, além do Cerrado e Mata Atlântica – biomas presentes em Mato Grosso do Sul – com atuação rápida e eficiente do Corpo de Bombeiros (já em prontidão na Operação Pantanal) em todo o Estado.
Com drones, além do monitoramento via satélite com uso de plataformas da Nasa – agência do governo dos Estados Unidos –, Polícia Federal, Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) e Imasul (Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul), além de tecnologia de navegação, dados e inteligência artificial, o trabalho é realizado de forma específica, garantindo a segurança das equipes e da população, além de mitigar os dados causados pelos incêndios florestais.
Natalia Yahn
Imagens: CPA/CBMMS