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Congresso Autismo sem Fronteira reúne especialistas e reforça a importância do conhecimento para famílias e profissionais

Redação
27 maio – 2025 | 10:10

O Congresso Autismo sem Fronteira, realizado neste sábado (24), reuniu autoridades e especialistas para discutir temas essenciais relacionados ao TEA (Transtorno do Espectro Autista), suas comorbidades, direitos e avanços na área da neurologia infantil.

Organizado pela OAB/MS (Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Mato Grosso do Sul), por meio da Comissão de Defesa dos Direitos da Pessoa com Autismo e em parceria com o IEPSIS (Instituto de Ensino e Pesquisa em Saúde e Inclusão Social), o encontro transformou Campo Grande na capital nacional do debate sobre a causa.

Primeiro palestrante do dia, o Dr. Paulo Liberalesso, neurologista infantil e diretor científico do IEPSIS, destacou a importância de oferecer informação de qualidade para profissionais e familiares que vivem o autismo em suas realidades.

“Conhecimento é poder, e isso é fundamental para o autismo, que acompanha a pessoa durante toda a vida. A criança autista será um adulto autista, um idoso autista, e quem está ao lado dela em toda essa trajetória é a família. Por isso, ter uma família bem orientada e treinada, não só para a intervenção, mas para o acompanhamento completo, é um dos pilares do tratamento”, afirmou.

Dr. Paulo também ressaltou avanços tecnológicos importantes, como o uso do eye tracking, equipamento que permite o diagnóstico ultrac precoce do autismo em bebês com menos de um ano e meio, potencializando intervenções mais eficazes.

“A saúde pública precisa investir em equipes técnicas qualificadas para usar os recursos de forma inteligente e baseada em evidências, garantindo assim melhores resultados para essas crianças e suas famílias”, complementou.

O presidente da OAB/MS, Bitto Pereira, reforçou a relevância do evento para a sociedade e a advocacia: “Com este congresso, reunindo as maiores autoridades do Brasil, cumprimos nosso papel de prestar serviços relevantes à cidadania, promovendo debates fundamentais para o autismo.”

Para o secretário-geral da OAB/MS, Dr. Luiz Renê Gonçalves do Amaral, o congresso é mais uma ferramenta para auxiliar familiares e profissionais a obterem conhecimento. “Este evento tem o poder de transformar a realidade dessas famílias e das autoridades públicas envolvidas no cuidado e garantia dos direitos das pessoas com TEA. Trata-se de uma iniciativa única em Mato Grosso do Sul, que tem o potencial de promover mudanças significativas no tratamento, cuidado e garantia dos direitos das pessoas com Transtorno do Espectro Autista.”

A consultora da Comissão de Defesa dos Direitos da Pessoa com Autismo da OAB/MS, Chayene Marques, destacou a grande carência de acesso a informações e o desconhecimento tanto entre as famílias quanto entre os profissionais da área.

Segundo ela, essa realidade foi um dos principais motivadores para a realização do evento, que contou com a parceria do Instituto IEPSIS e reuniu profissionais altamente qualificados para capacitar famílias e ampliar o alcance do conhecimento.

“Nosso foco é a capacitação de todos que colocam a mão na massa, aqueles que trabalham diretamente com crianças autistas. A resposta da sociedade tem sido incrível: a cidade literalmente parou para este evento, que teve as inscrições esgotadas rapidamente e é um sucesso absoluto. Isso mostra que a sociedade está pronta para esse diálogo tão necessário e urgente”, afirmou Chayene, emocionada.

Já a assistente social, mestre em Saúde, doutoranda em Educação e diretora do IEPSIS, Emília Gama, trouxe um olhar profundo e sensível sobre as graves consequências da negação de direitos às pessoas com autismo, conceito que ela denomina como “aborto social”.

Para Emília, a falta de acesso aos direitos básicos não apenas compromete a dignidade e a qualidade de vida da pessoa com autismo, mas gera uma exclusão que reverbera em todo o núcleo familiar.

“Quando esses direitos essenciais não são garantidos, o que se retira é a dignidade da vida dessa pessoa. Essa exclusão não atinge só a criança ou o adulto com autismo, mas adoece toda a família, especialmente a saúde mental das mães, que muitas vezes carregam um peso enorme de responsabilidades e desafios”, enfatizou.

Ela ressaltou que a ausência desses direitos representa uma forma silenciosa e cruel de violência social, que precisa ser enfrentada com políticas públicas eficazes e maior conscientização da sociedade.

O deputado federal Marcos Pollon, que recentemente revelou seu diagnóstico de autismo, destacou sua caminhada em busca de informações a respeito do TEA. “Sempre digo que sou um completo ignorante quando o assunto é autismo. Venho para aprender e ajudar da melhor forma possível.”

Ele reforçou a importância de iniciativas como esta para mobilizar a sociedade e gerar mudanças reais. “Este evento tem o potencial de desencadear uma
verdadeira onda de suporte à saúde emocional das mães que cuidam dessas crianças, assim como das próprias pessoas com autismo. Contudo, para que isso aconteça de forma concreta, precisamos de políticas públicas efetivas, que levarei com toda atenção e dedicação ao Congresso Nacional”, afirmou. Pollon ressaltou o papel fundamental do Legislativo em transformar demandas em ações que promovam inclusão, cuidado e qualidade de vida para essa comunidade.
O evento contou com uma programação diversificada, abordando desde a compreensão do autismo até o manejo comportamental e direitos legais, com a expectativa de realizar a terceira edição em março de 2026, no evento internacional “Autismo Sem Fronteiras”.

A Secretária de Cidadania do Estado de Mato Grosso do Sul, Viviane Luiza da Silva, ressaltou o papel fundamental do Governo na promoção da formação para os servidores públicos, especialmente aqueles que atuam diretamente no acolhimento de pessoas com deficiência.

“O Governo do Estado acredita muito na formação, principalmente para os servidores públicos, aqueles que vão acolher as pessoas com deficiência. Trazer profissionais de renome internacional para capacitar a população une as pessoas em uma construção coletiva para compreender melhor a questão do espectro autista.”

Ela destacou que ainda existe muita desinformação e que essa formação é essencial para aprender o que realmente deve ser feito para garantir um acolhimento eficaz e respeitoso, valorizando a singularidade e a potencialidade de cada pessoa com deficiência.

Kátia Kuratone, mãe atípica do Arthur Gabriel, de 8 anos, que está no espectro autista nível 1, compartilhou sua experiência com emoção e sinceridade. Para ela, participar de um evento como este é muito importante, pois representa uma oportunidade valiosa de acesso a informações que podem transformar a vida de muitas famílias.

“Receber o diagnóstico do Arthur foi um choque enorme, uma mistura de medo, dúvidas e incertezas. Mas, ao mesmo tempo, entendi que era preciso aceitar a realidade e buscar o melhor caminho para meu filho.”

Kátia ressaltou que eventos como esse dão esperança e força para as famílias seguirem em frente, oferecendo suporte e conhecimento essenciais para enfrentar os desafios do dia a dia.

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