quinta-feira, 28 mar 2024

Identificar mensagem encaminhada no WhatsApp pode não coibir disseminação de boatos

Identificar mensagem encaminhada no WhatsApp pode não coibir disseminação de boatos

10 julho – 2018 | 10:10

WhatsApp pretende sinalizar mensagens encaminhadas para coibir boatos (Foto: Altieres Rohr/Especial para o G1)

O WhatsApp se comprometeu a acrescentar um sinal de identificação em mensagens encaminhadas após boatos criarem uma onda de linchamentos na Índia. Apesar de a medida demonstrar a preocupação do WhatsApp para com esses acontecimentos, é pouco provável que apenas isso consiga frear o fluxo de boatos pelo aplicativo de mensagem.

De certa forma, o WhatsApp já demarca mensagens de áudio encaminhadas: o rosto de quem envia a mensagem não aparece quando um áudio foi encaminhado de outra conversa ou enviado de um arquivo pré-gravado. Assim, já é possível, no caso das mensagens de áudio, diferenciar a comunicação individual (enviada especificamente para você) e o que foi enviado em massa para muitas pessoas.

Áudios encaminhados ou enviados a partir de arquivos trazem ícone de 'fone de ouvido' no lugar da foto pessoal do remetente (Foto: Reprodução)

Isso significa que uma sinalização de encaminhamento afetaria mais as mensagens de texto, que hoje não diferem de nenhuma forma das outras mensagens recebidas.

Embora não haja nenhum aspecto negativo nessa novidade, há poucas razões crer que ela será eficaz para coibir a disseminação de boatos.

A iniciativa esbarra em limitações técnicas: é provável que o recurso seja relativamente fácil de burlar. Uma possibilidade é o simples “copiar e colar”. Mesmo que o aplicativo do WhatsApp esteja verificando o conteúdo da mensagem (e não só o uso do botão “encaminhar”), também é possível alterar algum trecho da mensagem para que o WhatsApp não identifique a semelhança dela com nada que foi recebido.

A ideia de copiar e colar as mensagens para muitos destinatários não é tão absurda quanto parece. “Scripts” (“microprogramas”) podem automatizar essa tarefa de enviar encaminhamentos fajutos. É claro que pessoas comuns não vão fazer isso, mas é algo que estará ao alcance de quem pretende disparar boatos por malícia.

E é aí que reside a principal questão: muitos boatos em circulação no WhatsApp se espalham pelo próprio esforço orgânico dos usuários. As pessoas sabem que recebem mensagens encaminhadas e elas próprias encaminham essas mensagens para seus amigos porque acreditam na veracidade do que foi transmitido.

Mesmo sem nenhuma marcação, quantas ficamos em dúvida se uma mensagem recebida foi escrita por um amigo ou apenas encaminhada por ele? Poucas vezes, se isso. E quantas vezes isso pesou na hora de encaminhar ou não a mensagem a outras pessoas? Nunca, talvez.

Apenas marcar uma mensagem como encaminhada não é suficiente para que as pessoas entendam o risco de espalhar informações falsas: afinal, as pessoas também espalham piadinhas, memes e avisos de utilidade pública da mesma forma.

É preciso ficar claro que o WhatsApp está de mãos amarradas: a criptografia que o aplicativo adotou — que embaralha as mensagens as torna sigilosas até para a própria empresa — impede a identificação dos conteúdos que trafegam pela sua rede. O Facebook, por exemplo, é capaz de saber quando uma mensagem começa a se espalhar de forma anormal pelo Messenger e imediatamente bloqueia e até apaga essa comunicação, o que inibe a disseminação de vírus e tem potencial para bloquear boatos. No WhatsApp, a criptografia torna isso impossível.

A segurança criptográfica do WhatsApp trouxe importantes benefícios aos usuários, protegendo ativistas políticos, jornalistas e a comunicação cotidiana das pessoas. Mas é importante que fique claro que isso tem um preço: quem usa o WhatsApp precisa ser responsável pela própria segurança e pelo o que compartilha. O que os linchamentos na Índia expõem é o lado mais caro (e lamentável) desse preço.

(Fonte: G1 – Tecnologia)

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