sexta-feira, 19 abr 2024

Mãe vive luta com cada um dos 3 filhos: autismo, surto psicótico e uso de drogas

Mãe vive luta com cada um dos 3 filhos: autismo, surto psicótico e uso de drogas

30 maio – 2023 | 11:11

O mais velho foi diagnosticado com déficit mental, o do meio é dependente químico e o caçula autista.

Para Vanusa Guedes Domingues, a vida adulta é voraz, aquela que devora, que, como explica o dicionário: “engole com grande sofreguidão”. O tempo deu três filhos e há 10 anos um marido, família que hoje divide a casa pequena, de apenas um quarto, sala, cozinha e banheiro.

Mas o espaço é o que menos conta. Sufocante é enfrentar 3 lutas como mãe: assistir aos surtos psicóticos do mais velho, descobrir o autismo do caçula e perceber que o filho do meio furtou TV e botijão de gás para comprar drogas. Rafael é dependente químico de 22 anos que vira e mexe some, se esconde em barracões sob pontes na região do Aero Rancho.

Diarista de 44 anos, essa sim sabe o que é não ter um minuto de paz. O primogênito, Weiderson, hoje com 24, foi diagnosticado com deficit mental aos 7 anos, aos 14 chegou aos 120 quilos, teve um surto psicótico, quebrou tudo dentro de casa e ficou um mês internado no Hospital Nosso Lar, com Vanusa ao lado durante os 30 dias.

Era tanta luta para cuidar de Weiderson e Rafael, que a mãe demorou para entrar em outro relacionamento e engravidar novamente. O caçula chegou há 4 anos, mas com outro diagnóstico perturbador: o autismo.

 

Com a renda fixa de R$ 1.300, benefício LOAS pago a Weiderson, Vanusa e o marido se revezam em diárias para completar a renda, ela como faxineira, ele como auxiliar de pedreiro. Quando um sai, o outro fica para cuidar dos dois filhos.

Na semana que passou, a história de Vanusa virou notícia pelo desespero. Durante cinco dias, ela saiu de casa cedo e só retornou à noite, à procura de Rafael. “Ele usa droga pesada, mas não costumava sumir, mas a coisa vai piorando. De repente, ele desapareceu e eu fiquei com medo dele ter morrido. Rodei a cidade, todos os dias, procurando em todos os cantos, e nada”, lembra.

Na rua, ela explodiu uma bolha que ainda a sustentava com esperança. “Pela primeira vez, vi essa multidão de gente que perambula pela cidade usando droga. Vi grávida, vi gente muito nova e muito velha. Alguns parecem já loucos, outros ainda conseguem conversar. É muita gente que parece já sem vida. Foi um choque”.

Mas para quem perdeu o pai ainda criança, foi criada pela mãe e outras duas irmãs, é difícil derrubar Vanusa. Com foto do filho no celular, se meteu onde “até Deus duvida”. Sem notícias de Rafael.

 

 

Depois da reportagem publicada pelo Campo Grande News, um homem identificou o jovem. Ele vivia em um barraco sob ponte no Aero Rancho. Conseguiu levar o rapaz até um lugar que considerava mais seguro e chamou a mãe. “A primeira sensação é de felicidade por ele estar vivo, mas ele nem conseguia falar e também não quis voltar para casa”, detalha Vanusa.

Rafael foi aparecer no dia seguinte, comeu, dormiu e saiu de novo. Voltou tarde, comeu, dormiu e outra vez pegou o rumo do barraco onde foi encontrado. “No domingo, choveu o dia todo, aí eu fui de novo atrás dele. Cheguei no barraco e lá estava ele, todo molhado. Eu falei, ‘filho, a gente é pobre, mas pelo menos tem teto’. Aí ele voltou, mas já sumiu de novo”.

Ela sabe que será assim, até Rafael aceitar tratamento. Vários já foram oferecidos, mas o máximo que conseguiram segurar o jovem foi por 3 meses, em projeto de igreja evangélica.

Vanusa não se importa com as críticas de quem nunca teve um dependente químico na família. Não culpa Rafael, menino que aos 9 anos perdeu o pai depois de o homem ser atingido por um raio.

 

 

Depois de anos vivendo em Anastácio e tirando boas notas até o 6º ano, ele descobriu as drogas, que antes do tormento, o fizeram esquecer de várias cenas da infância. “Ele viu muita coisa ruim. Viu os ataques do irmão. Perdeu o pai. Tentou trabalhar com meu sobrinho em São Paulo. Mas a droga é muito mais forte. Antes, até demonstrava algum afeto pelo irmão mais velho, que sempre pergunta dele. Agora, parece que está vazio, sem lugar para mais nada”.

Tudo foi ocupado pela pasta base de cocaína e a mãe não entende como uma legião de pessoas pode perambular por aí, sem esperança de voltar a viver e sem que nenhum órgão público faça alguma coisa que trate e não “maltrate” mais essas pessoas.

Mas não tem jeito, a mãe não desiste. Eu entreguei para Deus, mas não consigo deixar ele cumprir essa missão sozinho e vou procurar por onde for e enquanto for preciso”, avisa.

 

 

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