É o que aponta um estudo divulgado pelo Instituto de Desenvolvimento Econômico e Social de Fronteiras (Idesf), lançado em junho, em Campo Grande
O contrabando de defensivos agrícolas no país e as rotas utilizadas para esse comércio ilegal foram apontados em um levantamento do Instituto de Desenvolvimento Econômico e Social de Fronteiras (Idesf), com sede em Foz do Iguaçu, no Paraná. O estudo foi lançado em junho, em Campo Grande, Mato Grosso do Sul e a previsão é de que em agosto o conteúdo seja apresentado ao Conselho Nacional de Combate à Pirataria, de Brasília. O tema também foi solicitado pelo Senado para que seja discutido em audiência pública.
Segundo o Idesf, o trabalho teve como objetivo rastrear a organização das quadrilhas que atuam neste tipo de ilícito, as quais distribuem os produtos contrabandeados para todas as áreas agrícolas brasileiras. O estudo mostrou que as rotas se propagam a partir das fronteiras e que os estados do Mato Grosso do Sul, do Paraná e do Rio Grande do Sul são portas de passagem para a venda ilegal de defensivos agrícolas.
Pelos dados do Instituto, os defensivos agrícolas contrabandeados do Paraguai chegam a ter índice de concentração 600% superior ao percentual permitido pelas autoridades sanitárias para aplicação no Brasil. O mercado ilegal de agroquímicos responde, atualmente, por cerca de 24% do total utilizado nas lavouras brasileiras e tem se tornado um dos mais expressivos vieses do contrabando que entra no País via Paraguai e o Uruguai.
O diagnóstico revela que a alta concentração de princípio ativo dos produtos ilegais é o fator que torna essas substâncias atrativas ao mercado brasileiro. Outro aspecto que contribui para o contrabando é a diferença de preço, uma vez que essas substâncias podem ser compradas no Paraguai em torno de 30% menos em relação ao valor praticado no Brasil.
Para o presidente do Idesf, Luciano Stremel Barros, o contrabando e descaminho de mercadorias, entre elas os defensivos agrícolas, representa para a indústria e para a arrecadação nacional perdas de aproximadamente R$ 20 bilhões anuais, por isso, a importância de trazer à tona estas informações. De acordo com Stremel, com mais este estudo, o Instituto quer demonstrar que leva a sério sua função de debater problemas, buscar soluções para a sociedade e fazer das fronteiras fonte de integração e de desenvolvimento.
“A importância deste tema é que pela primeira vez se dimensiona o tamanho do mercado ilegal, demonstra as rotas utilizadas pelos criminosos e aponta um crime que atinge toda a sociedade de forma silenciosa”, acrescenta Barros.
O próximos passo, ainda segundo o Idesf, é avaliar o estudo, apresentado ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, e reivindicar ao Legislativo, mudanças mais severas na lei para casos de apreensões de transporte, utilização ou armazenamento ilegal de produtos agrícolas contrabandeados.
* O estudo “O Contrabando de Defensivos Agrícolas no Brasil”, do Idesf, está disponível em: www.idesf.org.br