Assunto fez parte do painel “O futuro do Agro” durante Showtec 2019
Saber onde está, onde quer chegar e o que fazer para alcançar o objetivo são alguns dos fundamentos básicos quando o assunto é perpetuar um negócio familiar. Passar o bastão para o sucessor não é algo tão simples e exige planejamento e diálogo entre os envolvidos. O assunto foi explanado pelo consultor Francisco Vila, durante o Showtec 2019, em Maracaju.
Vila pontuou sobre a questão da Sucessão Familiar e o Conflito Geracional. Quais empresas superarão esse desafio? Por se tratar de um tema complexo e dinâmico, além de conter alto teor emocional, as famílias geralmente ignoram a questão até que algo mais específico ocorra, podendo ser a morte de alguém da família ou na vizinhança. “Todos nós temos pouca prática na matéria, pois só duas vezes na vida estamos confrontados com a sucessão/herança: quando assumimos algo dos pais e, depois, quando passamos algo (geralmente diferente) para os filhos. Mais um motivo para não ignorar a temática”, comenta.
O especialista acredita ser importante encarar a sucessão como parte natural da gestão do negócio e da perpetuação da família. No início não deve ser envolvido um advogado ou um contador, pois o assunto é 70% psicologia familiar, explica. “Essa é uma esfera na qual advogados não são especializados. Existe um perigo na fixação em uma solução que, no futuro próximo, pode gerar conflitos, já que não se levam em consideração os interesses de todos os familiares diretamente envolvidos”.
Para Vila, considerando o aumento da longevidade, a garantia de um sustento adequado dos pais deve constar como primeira prioridade. Sendo assim, antes de ‘passar o bastão’ ao sucessor, é fundamental planejar as possíveis ações. “Tudo isso pode ser calculado para saber quanto vai para os pais, quanto para a educação dos filhos (que termina com 25 anos) e quanto será investido na necessidade de manter a viabilidade do negócio”.
Outra questão é saber se os filhos têm vocação e interesse para gerenciar a sociedade familiar nos próximos 25 anos, com toda a evolução tecnológica em curso. As necessidades dos herdeiros também devem ser calculadas. O consultor comenta que a lei prevê que no caso da herança a mãe fica com 50% e os filhos, cada um com sua parte dos 50% restantes. “Assim, pode ocorrer que os herdeiros que não continuem no negócio da família queiram vender sua parte para criar seus próprios negócios (escritório de prestação de serviços, consultório de médico, investimento numa pizzaria, etc.)”, argumenta.
Para solucionar possíveis conflitos que o assunto possa trazer, o Vila dá a dica: o diálogo. “Essa é a melhor saída e isso deve ser feito na hora adequada, no agrupamento certo e ‘subindo o telhado’ conforme a motivação e conhecimento sobre o tema, que pode e deve ser delegado para o mais estudioso da família”, indica.
A palestra esteve inserida no painel “O futuro do Agro: Como pessoas e tecnologias irão coexistir e se relacionar com o campo”. Durante o encontro, o público conheceu mais sobre “Drones no Agro: como eles irão mudar o jeito de gerir as empresas rurais”, ministrado pelo CEO da Bembras Agro, Johann Coelho. Em seguida, o vice-presidente da Fundação MS, Artur Falcette, falou sobre papel do gestor nos negócios rurais.
Sobre o Showtec
O Showtec é uma feira anual onde são apresentados produtos e serviços ligados ao setor agropecuário, lançamentos, inovações tecnológicas, sistemas de produção, palestras técnicas e resultados de pesquisas que contribuem para a sustentabilidade do segmento. A feira é destinada aos produtores e empreendedores rurais, técnicos agrícolas, acadêmicos, entre outros, e leva informações de forma direta e aplicável.
O evento é realizado pela Fundação MS e promovido pelo Sistema Famasul (Federação da Agricultura e Pecuária de MS), Sistema OCB/MS (Organização das Cooperativas Brasileiras) e Aprosoja/MS (Associação dos Produtores de Soja de Mato Grosso do Sul), contando com patrocínio do Senar/MS (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural) e Sicredi. O Showtec conta, ainda, com o apoio da Prefeitura Municipal de Maracaju, Governo do Estado de Mato Grosso do Sul, Semagro, Fundems, Banco do Brasil, Federação Brasileira de Plantio Direto e Irrigação (Febrapdp), Embrapa, Safras e Mercado, Rede ILPF, Agrisus, BioSul e Camiseta feita de pet. Como mídia oficial, conta com o Canal do Boi.