María Teresa Belandria esteve na cidade para avaliar situação de refugiados e discutir formas de ajudar imigrantes com documentações
A embaixadora da Venezuela no Brasil, María Teresa Belandria, esteve nesta quinta-feira (20) na Prefeitura de Dourados para conversar com o prefeito Alan Guedes, representantes do governo municipal e autoridades. Nomeada em 2019 pelo presidente provisório, Juan Guaidó, reconhecido pelo Governo brasileiro, a visita foi para avaliar a situação dos refugiados e estreitar os laços da Embaixada com o município para auxiliar a acolhida e permanência legalizada dos venezuelanos na cidade.
“Primeiro quero agradecer ao Brasil e a cidade de Dourados por receber nossos compatriotas. Ano passado eu pessoalmente estava ajudando com documentações e via vários domicílios com endereço: Dourados, fiquei pensando o motivo de tantas pessoas aqui e entendi. A forma como foram recebidos fez com que a cidade fosse referência e o que pudermos auxiliar o município, vamos fazer. Meu trabalho aqui é ouvir o município”, relatou a embaixadora.
Sensível à realidade dos refugiados que vivem em Dourados, Alan Guedes ressaltou que a Prefeitura, através da Semas (Secretaria Municipal de Assistência Social), tem atendido um grande número de estrangeiros, auxiliando com políticas públicas e até mesmo intermediando oportunidades de trabalho. “Temos um grande número de imigrantes e visando à garantia dos direitos humanos queremos, ao lado da embaixada, construir políticas públicas que deem condições de desenvolvimento para essas pessoas”.
A visita faz parte de uma articulação do deputado federal Dr. Luiz Ovando e do vereador Sérgio Nogueira, que solicitou junto ao Ministério da Justiça a possibilidade de uma revisão dos itens de documentação que estão entre as exigências para a naturalização de imigrantes no Brasil.
O ministro conselheiro, Tomas Silva, estava na comitiva e lembrou o motivo de tantos venezuelanos terem deixado o país. “ Vive-se uma ditadura, é preciso que todos entendam que esse movimento de saída é porque muitos não encontram mais condições de permanecer no seu país, eles não são imigrantes, são refugiados. Hoje 6 milhões de venezuelanos estão fora do seu país”, detalhou.
Entre as pautas, a dificuldade que muitos imigrantes encontram em regularizar a permanência devido aos entraves da documentação do país de origem. O Delegado da Polícia Federal em Dourados, Marcelo Guimarães Mascarenhas, participou da reunião e pontuou a importância dos documentos de identificação. “Esse encontro é uma forma de nos aproximarmos e estreitarmos os laços para que haja uma comunicação direta e para que possamos ter um retorno das principais dificuldades desse grupo que procura a PF como processo de legalização”.
O diretor da faculdade de Direito e Relações Internacionais da UFGD, Hermes Moreira Júnior, pontuou também que muitos imigrantes têm qualificação, mas não conseguem validar o diploma no Brasil. “Um dos nossos pedidos é que a embaixadora reforce com o governo a necessidade de flexibilizar certas exigências para essa revalidação”, citou o professor.
Ao fim da reunião a embaixadora agradeceu a receptividade de todos e reforçou a intenção de auxiliar os municípios que têm acolhido os venezuelanos. “Nós somos uma das únicas embaixadas que oferece documentação gratuita e facilita o processo de forma online. Sabemos que essas pessoas não têm condições financeiras de viajar até a embaixada, então quase tudo pode ser feito pelo site. Eu agradeço a contribuição de todos e vamos fazer tudo que estiver ao alcance para ajudar”.
