Maria Antônia passou por uma intensa transformação e uma série de intervenções cirúrgicas nos últimos 4 anos, logo após deixar a polícia
No início deste mês, a tenente-coronel aposentada da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) Maria Antônia esteve na capital da República para retificar os dados em seus documentos militares. Ela é a primeira coronel transexual da corporação e a única do país a chegar a tal patente.
Na reserva remunerada desde fevereiro de 2006, a oficial, de 60 anos, mora, atualmente, em um sítio no interior do Rio Grande do Sul. Maria Antônia passou por uma intensa transformação e uma série de intervenções cirúrgicas nos últimos quatro anos, logo após deixar a Polícia Militar.
A coronel conversou com a coluna e contou sobre as mudanças que, querendo ou não, podem afetar a vida de amigos e familiares.
“Imagine que, há 30 anos, o máximo que a sociedade ouvia era sobre a existência da Roberta Close. Não havia informação sobre o assunto. No meu caso, ocorreu um processo que foi se solidificando, se reconhecendo e se identificando. Cada pessoa tem o seu tempo. Ser transexual não é uma escolha, é uma realidade, ninguém quer escolher ser alvo de discriminação”, disse.
Transição segura
Maria Antônia relatou ter mergulhado em um processo conhecido como transição segura, logo após fechar seu tempo de serviço na PMDF. “Fiz o melhor que eu pude, da melhor forma possível. Todos os papéis que a vida impôs eu segui. Quando tudo terminou e fui para a reserva, sobrou um tempo para mim”, relatou.
Uma das primeiras ações da oficial foi conversar, separadamente, com seus dois filhos, uma mulher de 27 anos e um homem de 29. “Eu sempre criei os meus filhos para transmitir conhecimento puro, sem preconceitos, sem vertente ideológica. São alegres, livres, felizes e sem preconceito algum. Quando conversei com eles até me emocionei. As únicas perguntas que fizeram era se eu tinha certeza e se eu estava feliz”, lembrou.






