quinta-feira, 18 abr 2024

Salgadinho retoma carreira solo e comenta polêmicas do pagode 90

Salgadinho retoma carreira solo e comenta polêmicas do pagode 90

30 abril – 2019 | 8:08

Salgadinho voltou a dar enfoque à carreira solo em 2019. Na última sexta (26), o cantor lançou o single e o vídeo de Sol e Sal, música gravada em parceira com Ferrugem. Neste ano, ele ainda pretender soltar mais quatro faixas, que serão disponibilizadas sempre com clipes e nas plataformas de streaming.

A nova fase traz o músico buscando se inspirar na geração atual do pagode, representada principalmente por nomes como o próprio Ferrugem, Dilsinho, Mumuzinho, Ana Clara e Lucas Morato (filho de Péricles). “Tava em débito com o público e precisava gravar o quanto antes. E nesse retorno, aproveitei para me aliar a esses novatos que trabalham com muita seriedade e qualidade”, define.

Apesar disso, Salgadinho continuará a participar do projeto que grantiu agenda cheia para ele, Marcio Duarte e Chrigor nos último anos: o Amigos do pagode 90.
A banda formada em 2014 resgata hits do gênero que dominou as FMs entre os anos 90 e 2000. O viés nostálgico atraiu muita gente e fez o trio de cantores voltar ao holofote da música nacional após anos inconsistentes. “Existia espaço para explorar essas centenas de músicas que bombaram no período e percebemos que essa demanda. Então nos reunimos”, explica.

Mas mesmo com o êxito, o grupo passou por mudanças recentemente. Chrigor deu lugar a Netinho de Paula e Marcio preferiu não continuar com o Pagode 90 – mas não terá um substituto.

Apesar dos boatos sobres brigas e desentendimentos, Salgadinho alerta que as decisções dos dois não devem ser encaradas como um rompimento oficial. “Veja bem, é um projeto aberto para todos os astros daquela época. Quando pensamos nisso, era para ser maior, com o Netinho cantando com a gente, e talvez até o Leandro Lehart. Mas como Netinho ainda era vereador, não pôde aceitar naquele momento. E agora deu. Mas Chrigor e Marcio saíram porque precisavam e não por desavenças”, explica.

O cantor ainda reforça a importância do sucesso do Amigos do Pagode 90. Na visão dele, isso é a prova de que, 30 anos depois, o movimento musical do qual eles participaram continua relevante, apesar de todo preconceito que passou. “Atravessar décadas não é fácil, mas também comprova que não era música descartável. Tocamos em arenas no nosso auge, abrimos espaço para a galera da periferia apostar na música e mostramos que os pobres também podem. Acharam que íamos sumir rapidamente, mas felizmente não foi isso que aconteceu”, comemora.

Pagode poderia ser ainda maior?

Mesmo com centenas de sucessos em rádios durante mais de dez anos, aparições em programas de TVs de todas emissoras, agendas lotadas e pequenas fortunas conquistadas pelos integrantes das bandas de pagode, Salgadinho acredita que aquela geração poderia ir além.

Para ele, com o sucesso atingido pelas bandas, era para todos vocalistas terem sido contratados para campanhas publicitárias, o que não aconteceu nem para ele e nem para quase ninguém. “A questão cultural e o racismo estrutural do país é algo que pesa hoje e naquela época psava mais ainda. Com o sucesso que o Katinguelê fez, era para a banda ter sido chamada para várias campanhas, mas eu só fiz uma. E a ironia: foi para um banco, meio que dando a entender que pobres e negros só são chamados para comercial de empréstimos. Se fosse de condmínio de luxo, não seríamos chamados mesmo”, ironiza.

Nem mesmo os tradicionais óculos escuros que os músicos do grupo de Salgadinho ostentavam em cima da cabeça inclusive em dias sem sol e dentro de estúdios de TV gerou algum patrocínio. “Fizemos uma parceria com uma marca que até cedia os acessórios para nós, porém não recebíamos um cachê pela divulgação. Mas teve quem ganhasse com isso, vendendo por aí os ‘Óculos do Salgadinho’ como se fosse um produto oficial e licenciado”, revela.

Apesar do espaço que ficou vedado a eles, Salgadinho também contabiliza os prós da experiência de suceso. A quantidade de homens negros e pardos nas bandas fez com que a mídia enxergasse as pessoas que não são brancas de uma outra forma. E até ele mesmo ganhou autoestima com isso. “A televisão só mostrava brancos naquela época. Mas o País é multirracial. Mesmo assim, a gente acaba aceitando que o ideal de beleza é exclusivamente branco. Mas não é bem assim. Isso é fruto da baixa autoestima. Eu mesmo só percebi que era um cara bonito, desejado, depois que o pagode chegou nesse patamar de ter galãs como eu, Alexandre Pires, Rodriguinho”, recorda.

Na música, ele só lamenta não ter tido mais voz ativa nos próprios discos. Com músicas sobre prisioneiros (Liberdade Sonhada) e prostituição (Cilada), Salgadinho ainda se ressente de ficar exclusivamente conhecido como cantor de músicas românticas. “A gente sempre abordou tudo de forma sútil. Mas após o sucesso de Lua Vai, a gravadora queria outra e mais outra. E não tem outra Lua Vai. É só uma. Mas não tem jeito. É assim que gravadora funciona mesmo”, reflete.

Helder Maldonado, do R7

 

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